"Planeei o ataque, mas não da forma que ocorreu", disse o bailarino do Bolshoi
"Sim, planeeie o ataque, mas não da forma que ocorreu", afirmou Dmitrichenko, diante de uma câmara de televisão.
As imagens da confissão do bailarino, de 28 anos, foram hoje divulgadas pelo canal de notícias Russia-24, horas depois de a polícia ter encerrado a investigação do caso.
O diretor artístico do Bolshoi, Serguei Filine, foi atacado em meados de janeiro junto da sua residência no centro de Moscovo por um desconhecido que lhe lançou ácido sulfúrico contra o rosto, causando-lhe queimaduras graves, incluindo nos olhos.
As autoridades russas divulgaram na terça-feira que tinham sido detidos três suspeitos no âmbito da investigação do ataque: o bailarino Pavel Dmitritchenko, Yuri Zarutski, identificado como o alegado agressor, e o motorista Andrei Lipatov. Os três suspeitos acabaram por confessar o crime.
Dmitrichenko, que protagonizou clássicos como "Romeu e Julieta", "Ivan, o terrível" ou "Espartaco", pode vir a ser condenado até 12 anos de prisão.
O bailarino trabalhava no Bolshoi, uma das companhias de bailado mais prestigiosas do mundo, desde 2002.
Yuri Zarutski, de 35 anos, também incorre na mesma pena.
"Não vi como aconteceu. Só o levei [Zarutski] até ao local, esperei e levei-o de volta", afirmou, por sua vez, Andrei Lipatov, segundo uma gravação divulgada pelo gabinete de imprensa da Polícia de Moscovo.
Sobre os motivos que terão desencadeado o ataque, a polícia russa avançou que o bailarino tinha uma antipatia pessoal por Serguei Filine por motivos profissionais.
Fontes policiais, citadas pela imprensa russa, indicaram que Dmitrichenko considerava que Filine relegava para segundo plano e não promovia devidamente a sua mulher, a jovem solista Angelina Vorontsova, uma das estrelas promissoras do Bolshoi.
Segundo o diário "Kommersant", o conflito remota a 2008, quando Vorontsova ganhou o prestigiante concurso "Arabesco" e foi convidada por Filine a integrar a companhia de ballet do Teatro Stanislavski Nemeróvich-Dánchenko, companhia que então dirigia.
Mas, a bailarina recusou o convite e decidiu integrar o corpo da companhia de ballet do Teatro Bolshoi, que seria mais tarde dirigida por Filine.
Segundo a polícia russa, a monitorização e a análise dos registos telefónicos da noite do ataque foram determinantes para a resolução do caso, mas também a ligação, avaliada pelas autoridades como improvável, de um bailarino do Bolshoi e um homem com antecedentes criminais.
Os suspeitos vão ser formalmente acusados na quinta-feira.
Filine, que atualmente está na Alemanha, foi submetido a três operações cirúrgicas oculares em Moscovo.
O diretor artístico "está a par dos últimos acontecimentos, mas desconheço a sua reação", afirmou a porta-voz do Bolshoi, Katerina Nóvikova.
Filine, um antigo bailarino de 42 anos, foi nomeado em 2011 para o cargo de diretor artístico do Bolshoi.